Existência e Tal

 Era um dia frio, daqueles em que o sol fica escondido atrás de um céu cinzento e cheio de nuvens escuras, carregadas de chuva. Mas ao invés de chuva caia era muita neve. Uma menina estava parada ali em meio aquela longa clareira de puro branco-gelo. O calor que ela emanava podia ser facilmente sentido, e observado também; a neve que ela pisava se derretia, virando água e evaporando e os flocos que a miravam vindo do céu, se dissolviam com um estalo, antes mesmo de tocá-la. Ela abriu sua boca e ficou soprando o ar frio. Logo pequenas luzinhas vermelhas começaram a sair aos montes junto com aquele sopro. Após algum tempo ela cerrou os lábios e girou o corpo para verificar onde estava seu inimigo. O nome dela era Katarina e havia raiva e mágoa no olhar com o qual fuzilava o homem alguns metros a sua, que vinha se aproximando. Ela usava um vestido bege simples, bem comum para as crianças de meio século atrás. Afinal, ela era uma criança de meio século atrás; tinha onze anos e nascera em 1