New World part. 1

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Parte 1: 
Dois sentimentos.
"Amor e ódio são os dois mais poderosos afetos da vontade humana." 

(António Vieira)

Eu estava sentada embaixo de uma macieira, com as costas repousando em seu tronco.
James estava deitado à sombra da árvore, olhando pra mim. O chão era uma extensão da mais verde grama até onde os olhos podiam alcançar, exceto pela árvore e por um belo lago, próximo a nós. Essa era a minha paisagem preferida. O céu era um azul recheado do branco das nuvens. Eu brincava com as nuvens e ignorava o olhar de James.
- Você não vai me responder, Julie? - Disse ele um tanto irritado. 
E eu não ia responder mesmo. Então uma nuvem em forma de coelho se rompeu ao meio.
- Por que você fez isso? - Eu disse lançando um olhar zangado para James. Você nem imagina como é trabalhoso para alguém que não tem uma alma criadora, criar. Mas me precipitei.
É, ele conseguiu. Até abriu um sorriso.
- Sabia que você não ia aguentar me ignorar por muito tempo. Eu consigo ser bem chato quando eu quero. Então, sim ou não? - Senti vontade de rir, mas eu estava muito irritada pra isso. Como se ele não fosse chato o tempo todo. Quase que eu gritei um não, porque a resposta era: não, sem chance, de jeito nenhum, nunca ou alguma variação dessas. Mas seu eu dissesse isso, aí eu teria problemas; então, mesmo eu não sendo de rodeios... Seria melhor mentir?
- Hum, então você já se decidiu... - James falou em triunfo e eu entendi a porcaria. Ódio.
- Você invadiu?! Não acredito que você fez isso, James... Você sabe que eu odeio isso!
- Você não nunca conseguirá me odiar. - Ele falou humorado.
- Ah, parece que você realmente não me conhece. - Ele rir de mim aumentou ainda mais a minha raiva. Eu estava irada, me levantei e ia dar um soco na cara dele. 
Mas de repente havia mais alguém ali, que fez eu cancelar meus planos.
- Oi, gente! - Disse Elisa. - O que os dois pombinhos estão fazendo sozinhos aqui, hein? 
Ela estava usando um vestido prata altamente luxuoso e com um decote que tenho que dizer, beirava o vulgar. Elisa tinha uma expressão sacana no rosto, e olhos verdes hipnóticos.
James cumprimentou-a com um aceno. 
- Oi, Elisa. - Eu disse tentando me acalmar, mas acabei falando meio grosseiramente. 
- Calma aí, moça. Me desculpe se interrompi algo. Só vim dar um recado. - MEU SONO! Por que Elisa é tão sem noção? E acrescento que ela é uma sensitista, então por quê?
- Ainda bem que você chegou, Elisa. - Disse James, sentando-se e depois me olhando risonho.
- Julie já estava querendo roubar uns beijos meus. Por que você não admite que me ama, Ju? 
Ele queria morrer, só pode. "Como eu te odeio, James! Como eu te odeio!" - Eu estava gritando nos meus pensamentos; e dessa vez, eu não ia ligar nem um pouquinho se ele os lesse. Eu me levantei, passei por Elisa com sua cara animada pela novidade de que eu queria beijar James, me abaixei e comecei a aproximar o meu rosto ao de James. Os meus lábios próximos aos dele. Ele engoliu em seco com o olhar confuso, mas não recuou. Sabe, eu disse que odeio o James, não é? Pois eu me odeio também, porque por mais que eu odeie ele, não é suficiente para ultrapassar o quanto eu o amo. Os meus lábios próximos aos dele, esperando. Minha mente ordenando: "prove que você não quer roubar beijo algum e depois de um soco nesse filho da mãe idiota!" e meu coração pedindo: "Por favor, conte a ele. Beije-o e diga que admite, que o ama."
Eu não fiz nenhum dos dois, porque de repente senti uma pancada na cabeça, e aquele mundo começou a se desfazer; o céu, a grama, o lago, a árvore, Elisa e aqueles lábios que se aproximavam dos meus, - ou será que eu é que me aproximava deles sem perceber? - Tudo sumiu, para dar lugar a um novo mundo, onde haviam gritos, lamúrios, pânico...