New World part. 2


 Para ler a primeira parte, clique aqui.
 Parte 2: 
Confusão.
"No reino da confusão sofre a verdade." 
(Fernando de la Rúa)




 Era como se eu estivesse dentro de algo, sentia uma força me puxando com violência, por fora quebrando tudo em seu caminho e por dentro ME quebrando: meu corpo sendo aremessado de um lado para o outro, minha visão borrada e minha cabeça latejando. De repente, com um grande estrondo tudo parou. - Tudo exceto meu corpo, que foi arremessado ainda mais forte com a parada brusca. Meu braço falhou em amortecer o impacto e se entortou de mal jeito enquanto eu batia as costas num braço de poltrona. Soltei um grito de dor junto ao "CREC" que ouvi quando meu braço se entortou. 
 Eu estava zonza, processando tudo muito lentamente: vi que haviam muitas pessoas caídas por cima de poltronas; gemendo, chorando, gritando.. Eu, particularmente, mordia os lábios de dor. Haviam outras pessoas que simplesmente não faziam nada, estavam de olhos fechados; inconscientes, ou talvez até mesmo mortas, a julgar pela quantidade de sangue em algumas. Vi um garotinho pendurado de lado na poltrona por um cinto de segurança, -ele estava ileso - provavelmente o único. "Se eu escapar daqui, nunca mais ignoro as regras de segurança!" Eu disse a mim mesma. - Olhar os dois lados da rua, atravessar pela faixa de pedestres... E usar cintos! Eu devia estar muito mal mesmo. Meu pensamentos estavam estranhos, pois agora eu comparava isto a andar de montanha russa e também, porque naquelas imagens meio borradas, pensei ter visto o garoto do cinto olhando para mim com um sorriso. Pisquei forte os olhos. E quando os abri o garoto não estava mais lá. Ai, minha cabeça! Eu não estava entendendo mais nada. 
Cheguei a suspeitar que fosse o ataque de algum abominador, me colocando em um pesadelo mortal. Então lembrei o quanto eu sou desimportante para ser alvo de um deles. Minha alma pode ser incomum, como a Ordem costuma falar, mas o problema é que enquanto eu estiver viva, isso não me adianta de nada. Enquanto eu estiver viva, sou apenas uma garota esquentada e chata, que por acaso, aprendeu a atravessar um dos caminhos que levam ao Mundo Interior. Então para eles, a vantagem era me deixar viva e inútil como sou. Eu balancei a cabeça para afastar essa equação racional. Decididamente não tinha nada haver com os abominadores. Eles, a essa hora, deviam estar preocupados com coisinhas um pouco mais importantes do tipo: destruir o mundo!
Comecei a organizar meus pensamentos:  eu estava num ônibus de viagem rumo a cidade de  São Paulo, em algum momento eu dormi e agora o ônibus estava tombado de lado, num terreno ingreme. Minha cabeça estava voltando a funcionar.
"E o garoto?"- Lembrei um pouco assustada. Seria ele alguma criatura com capacidades sobrenaturais...  ou eu uma humana fraca demais para me manter consciente? Vai que ao piscar acabei cochilando um pouco.
Eu jurava que não, mas como havia um líquido escorrendo pelo meu rosto e que após eu verificar, descobri que era sangue, fiquei mais propensa à segunda alternativa. De uma coisa eu tinha certeza, o garoto não era fruto de minha imaginação.

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