New World part. 4

 Para ler a terceira parte, clique aqui.
 Parte 4: 
Adaptações
"O homem dissipa a sua angústia inventando ou adaptando desgraças imaginárias."   
- (Raymond Queneau)


 O corredor branco. - Um dos caminhos ao Mundo Interior, que era exatamente como seu nome, um corredor meio estreito, de paredes, teto e chão branco-fosforescente. Mas agora ele estava diferente, com rachaduras e quebrado em várias partes, cheio de buracos de escuridão, dos quais emanavam presenças e a maioria das que senti eram extremamente malignas, embora, ainda menos más do que àquela de um momento antes do ônibus explodir. Uma silhueta humana saiu de uma daquelas rupturas e parou encurvada, arrastando a escuridão junto com ela como se fosse uma capa agarrada ao seu corpo. Depois que a escuridão se desprendeu e se recolheu de volta para o buraco, um rapaz se empertigou lentamente, ficando de pé no corredor e alguns metros a minha frente, com seus olhos vermelhos mirando os meus.
- Olá. - Ele disse abrindo um sorriso sedutor (Meu deus, eu nunca imaginei que sorrisos pudessem ser tão sexys!). Depois ele passou a mão pela cabeleira preta e a tirou da frente do rosto pálido. Com uma expressão de tédio ele perguntou:
- Quanto você pesa? - Sério, o cara tinha começado bem, com a entrada misteriosa, o sorriso sexy e o "olá" divertido com o qual me saudou, sabe. Ele tinha uns vinte anos no máximo, e estava vestido como um príncipe, literalmente. Até poderia ser dito que ele havia se perdido no caminho à uma festa a fantasia. E também tinha mais uma coisa: ele era o homem mais bonito que eu já vi em toda a minha vida. Não que meus dezesseis anos fosse lá muita vida, é claro. Se bem que eu achava que com essa idade eu já havia vivido o suficiente dessa vida, e podia partir para o outro lado. Mas como eu ia dizendo, o cara era um príncipe encantado, parado ali na minha frente e querendo saber meu... Peso. Isso me pegou bem desprevenida.
- O que foi que você disse? - Me vi perguntando.
Ele sorriu. Acho que devo ter suspirado encantada. Ah, que sorriso... Hã?! Ele tinha... Presas?
- Eu perguntei quanto você pesa. Mas é só para ter uma idéia de quanto sangue você tem.
Ele falou serenamente. Ele abriu a boca junto comigo para falar mas eu comecei antes.
- Você é um...?
- Sou. - Ele respondeu antes que eu terminasse minha frase.
- O que você...? - Ele me interrompeu de novo:
- Eu senti a sua presença. - Disse ele estendendo os braços em minha direção e depois apontando para o buraco. - Diferente das que estão lá. - Eu arregalei os meus olhos quando ele passou num vulto e então o senti atrás de mim, sussurrando no meu ouvido:
- Uma presença doce. Humana demais. - Ele estava me abraçando, com seus braços passando por cima dos meus ombros e seu peito encostando em minhas costas. Eu estava arrepiada. E não era só de medo. Vou te contar; o que estava acontecendo comigo? Digo, fora a vontade louca de me virar e lascar um beijo na boca dele, havia definitivamente mais alguma coisa acontecendo comigo. Eu tentei me apartar dele, afinal, não é porque eu queria que eu iria sair beijando um cara na primeira vez que eu o encontro na vida. Então entendi o que estava errado. Meu corpo não se mexia. Eu estava paralisada. Isso realmente me apavorou um pouco. Ele continuou falando baixinho, perto da minha orelha. Eu sentia o ar gélido que vinha de sua boca.
- Ou melhor, senti uma presença viva demais. Mais do que qualquer outra aqui. Eu quis saber. Então eu entrei na luz. Ninguém havia conseguido entrar na luz ainda. Os dois caminhos ainda não estão num alinhamento perfeito. Mas eu consegui. Então eu vi você, e você me lembrou de minha sede, e minha sede me lembrou quem eu sou. - E num piscar de olhos ele já estava na minha frente, levantando sua mão pálida para me golpear. Vi um anel dourado na mão dele, com um diamante vermelho encrustado e um símbolo estranho que com certeza iam me machucar. Fechei os olhos por reflexo quando a mão dele se aproximou. Os dedos dele deslizaram pelo meu rosto, me acariciando. Eu abri os olhos e  vi o rosto perfeito dele com um sorrisinho e uma expressão de quem diz "sua bobinha". O que é esse cara?! Bem, eu sabia o que ele era, mas quero dizer, esse efeito que ele causava em mim, de querer quebrar essa merda de paralisia e ao invés de sair correndo (como se fosse adiantar) me jogar nos braços dele e... Droga! Já ouviu falar da atração sobrenatural que os vampiros de algumas mitologias causavam em suas vítimas? Porque era exatamente isso que estava acontecendo comigo. Ele estava usando algum tipo de poder em mim, me seduzindo pra depois sugar meu sangue, como se eu não fosse nada. 


Obs.: Pode parecer modismo aparecer um vampiro na história, mas tem um porquê bem interessante.

Comentários

  1. OMG! Vampiros... ok, vamos ver o pq interessante para ele aparecer aí hahahha

    como eu sempre digo vc escreve muito bem! adorei!

    bjos

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